abril 07, 2008

Hoje amanheci assim na Twilight Zone

Entre as resmas de livros que acompanham os meus dias e noites, apetece-me escrever algo sobre “O mal de Montano”, de Henrique Vila-Matas, escritor catalão, editado pela Teorema. Na verdade, não me seduz tanto falar sobre o livro mas sobre literatura. Talvez nem isso. O mal de Montano é o mal de Literatura, espécie de enfermidade literária de que muitos padecem e que pode assumir várias formas. Mais não digo.
Talvez tenta despertado para o mal da literatura ao ler Pessoa e a sua Tabacaria. Era um adolescente e um desavindo da vida. Nada novo. Planeava por esses dias arrojados roubos de livros. Já estava enfermo.
Refira-se, para que conste, que o mal vem de trás, e não será talvez um mal de literatura, mais um mal dos livros, solidamente erigido na banda desenhada da infância, nas trocas de livros ao fim-de-semana com os tios e com os amigos. Um apego doentio ao objecto, não apenas ao seu conteúdo. E um desejo desvairado que me escolta até aqui, no momento preciso em que escrevo. E escrevo o mal da leitura. Sou enfermo de ler e ler. Leio por vício e por prazer, e nos interstícios do vício, releio-o, outras vez. Leio em todo o lado e por todo o lado, leio tudo. Gosto particularmente dos panfletos que acompanham os medicamentos. São de leitura obrigatória.

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