fevereiro 27, 2009

Mendigos e Altivos

"Mendigos e Altivos", Albert Cossery, edição Antígona
Um mendigo foi condenado em Barcelona por ter roubado um pão, digamos, com alguma violência. Foi notícia rápida na prateleira das curiosidades. Por cá, uns dias antes, não muitos, o sr. Névoa com aquele seu ar azeiteiro de quem acabou de almoçar um cabrito inteiro, 25 bolinhos de bacalhau e duas doses de papas foi igualmente condenado, mas por corrupção activa para acto lícito (não me canso de rir enquanto a espuma me jorra da boca à conta deste lícito), e respectiva multa. O mendigo, cujo advogado foi pago em sementes de sésamo juntas ao longo dos anos, foi condenado, obviamente por acto ilícito. À saída terá afirmado que um ano passa depressa na pildra e que por lá sempre se come qualquer coisita. Interrogado sobre se declarava culpado, apenas retorquiu que “quem tem cu tem medo” numa clara alusão às vicissitudes da cadeia.
Entretanto joga-se no loto e este fim-de-semana é garantido um coliseum cheio. 

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